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“Diário de Quem Ama…” de Dany Filipa – 1ª Parte (Don’t you remember?)

Don’t you remember?

Era madrugada, Sofia havia-se deixado dormir no sofá. Acordará com o barulho da chuva, apesar de estar em pleno verão. Largara suas roupas pelo chão, enquanto se dirigia para tomar um banho. Os seus banhos eram sempre demorados, pois ela adorava sentir a agua a percorrer-lhe o corpo e relaxadamente pensar… no Amor!
– Odeio, odeio, odeio o amor… – Era a revolta de quem ama, sem amar!
Sofia era uma jovem de 24 anos, de estrutura média, magra, com um cabelo comprido e uns olhos verdes que enfeitiçava qualquer pessoa que os olhava. Após o banho, a jovem enxagua-se, dirigindo-se nua para o quarto. Vivia sozinha já há dois anos, precisamente o mesmo tempo que se apaixonara perdidamente. Acendeu um cigarro e pousou-o no cinzeiro. Ela não fumara, mas adorava acender um cigarro e sentir o cheiro do fumo. Clicou no botão play da sua aparelhagem que começou a tocar a música “Don’t you remember” de Adele. Revia-se na letra daquela música.
Embalada pela música cantava e procurava um caderno e uma caneta de tinta preta. Precisava de escrever, de dizer o que lhe ia na alma relativamente aquele sentimento inexplicavelmente forte e controlador do seu pensamento.
Após encontrar o caderno e caneta que procurava, deitou o seu corpo nu nos lençóis vermelhos da sua cama. Ela não gostara muito de roupa vermelha, mas adorava lençóis dessa mesma cor.
Tal como finalizava a música, assim ela iniciou a escrita no caderno.
“When will I see you again?
Assim termina a música que oiço na solidão do meu quarto, e quando terminará esta angustia de não te ter, de não te ver… de ti não saber!
‘Don’t you remember?’…eu lembro! Todos os dias, todas as noites, a qualquer hora… e tu? Será que apesar da distância, da ausência ainda te lembras de mim?
O peito dói… as lágrimas secaram… deixei de chorar, mas jamais deixarei de te amar…
Há dias dei por mim a encarar que já passaram dois anos. Foi há dois anos que te conheci… foi a dois anos atrás que o meu sorriso renasceu, mas ultimamente o brilho dos lábios e do olhar esmoreceu…
Vivo, sim vivo, mas apenas porque ainda reina a esperança de um dia te ter, e esta saudade que me atormenta ser destruída com o tão desejado abraço, para dessa forma poder sentir o teu coração junto ao meu…
Escrevo… escrevo algo que talvez nunca lerás, mas já os antigos dizem que a esperança é a última a morrer…
Sabes que te espero…espero-te até ao limite da força que me faz acreditar que vale a pena amar!”
Sofia levanta-se e pousa a caneta junto ao candeeiro azul. Pega num baton vermelho que nunca usará, rasga do diário a folha de papel onde escrevera para seu amado e marca com um beijo terno os seus lábios no papel meio amarelado. Abriu a janela do seu quarto e deixou voar a folha de papel por entre o vento e chuva que fazia naquela noite escura.
– Que o vento leve até ele as palavras de saudade e angústia e que a chuva lhe cai ternamente na face, como que fazendo deslizar por ele o meu beijo apaixonado… – Após este pensamento, Sofia puxou os lençóis vermelhos, cobrindo o corpo e num gesto que todas as noites ao longo de dois anos vem sendo habitual, benzeu-se e pediu a Deus que o protege-se. Ela não era de todo muito católica, mas sempre sentira necessidade de todas as noites pedir uma protecção para seu amado. Talvez uma forma de dar alguma paz à sua alma…

(continua)

by Dany Filipa

3 thoughts on ““Diário de Quem Ama…” de Dany Filipa – 1ª Parte (Don’t you remember?)

  1. Que o vento leve até ele as palavras de saudade e angústia e que a chuva lhe cai ternamente na face, como que fazendo deslizar por ele o meu beijo apaixonado

    Axava que já havia comentado mas por qualquer razão não gravou.

    Líndissima estreia no gesto imortal de largar ao infortunio um beijo nunca dado.

    Seguirei com prazer!

  2. Comovente o inicio da historia e o sentido desabafo de Sofia, que lhe reservará o destino?
    Aguardo o desenvolvimento desta historia!
    🙂
    Já tinha muitas saudades de te ler!
    Beijinho em ti
    Inês Dunas

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